Desde a abertura do Brasil para o mundo e a consequente industrialização do mercado interno, a educação ganhou destaque ainda maior. O país, que antes era predominantemente rural e focado na economia de subsistência, passou a demandar mão de obra técnica para compor o ativo humano das empresas.
Essa necessidade gerou uma mudança de percepção do ensino. O chamado ginásio — que passou ser chamado por Segundo Grau e, agora, corresponde ao Ensino Médio — não supria as demandas das indústrias. Então, deu-se origem ao processo profissionalizante, que poderia ser oferecido no modelo de ensino integrado.
Mas, você sabe como esse modelo de ensino funciona e no que ele se difere do tradicional? A seguir, esses pontos serão esclarecidos e você perceberá por que o ensino integrado vem ganhando espaço nas escolas e é importante para ajudar seu filho a construir um projeto de vida.
A evolução do ensino profissionalizante
Como dito na abertura deste artigo, o ensino profissionalizante foi introduzido no país para suprir uma necessidade de mão de obra técnica para trabalhar nas indústrias recém-chegadas ao Brasil.
Portanto, a educação profissional no país teve, desde seus primórdios, um viés mercadológico. Ou seja, ela era ofertada com conteúdo específico que visava à formação humana e profissional que as empresas necessitavam no momento.
O ensino superior, por sua vez, além de ser extremamente elitizado na época, não formava profissionais para os chamados “chão de fábrica”. Portanto, havia uma carência excessiva de mão de obra técnica para os trabalhos operacionais.
Inicialmente, o ensino profissionalizante foi integrado ao Segundo Grau, correspondente ao atual Ensino Médio, com a promessa de garantir emprego por meio de uma educação mais profissional do que a básica.
Já, na última década do século 20, a educação profissionalizante foi desvinculada do Segundo Grau e passou a ser oferecida à parte. Assim, os interessados poderiam optar por um ensino superior ou uma formação técnica após concluírem o atual Ensino Médio.
Atualmente, o ensino técnico é oferecido de três formas:
- ensino integrado, no qual o aluno efetua uma matrícula em uma instituição que oferece o Ensino Médio e o ensino profissional;
- ensino concomitante, no qual o aluno efetua duas matrículas simultâneas, seja na mesma instituição ou em diferentes, para cursar o Ensino Médio e obter a formação técnica; ou
- ensino subsequente, em que o aluno primeiro conclui o Ensino Médio para depois matricular-se em uma instituição que ofereça o ensino profissionalizante.
Atualmente, as instituições de ensino integrado ampliaram a lógica educacional. Elas, normalmente, direcionam a educação profissional para as questões das humanidades, como a cultura, o pensamento crítico e a inclusão do ser no mundo. Afinal, essas são as novas necessidades básicas do mundo corporativo.
As diferenças entre o modelo tradicional e o integrado
No modelo tradicional de ensino, o foco está na transmissão de conhecimento do professor para seus alunos. Esse processo se dá, principalmente, por meio de aulas expositivas. E, por mais que a instituição busque diversificar seu modo de ensino, ela fica limitada à carga horária e às diretrizes curriculares obrigatórias.
Esse modelo vem se mostrando cada vez menos pertinente às novas gerações. Seja por, frequentemente, não dar conta de acompanhar os avanços tecnológicos ou por não ser capaz de reter a atenção dos alunos e promover um aprendizado eficiente com a qualidade exigida pelo mundo moderno.
Já, o modelo integrado tem, por premissa básica, extrapolar os limites do modelo tradicional de ensino. Ou seja, em um período do dia, o aluno cursa as disciplinas do Ensino Médio tradicional; em outro, ele tem aulas de matérias técnicas, como, por exemplo, aulas de desenho técnico mecânico, automação industrial e eletrônica digital.
Dessa forma, além das diretrizes curriculares obrigatórios para o modelo tradicional, o ensino integrado deixa a educação mais robusta e preparada a um adulto independente para os desafios que ele enfrentará no mercado de trabalho. E isso é feito, basicamente, por meio de três pontos:
1. Aprendizado prático
Pesquisas indicam que o ser humano, principalmente na fase adulta, tende a reter apenas 10% do que lhe é dito e até 85% do que ele vivencia. Por isso, o ensino técnico busca fixar o aprendizado, oferecendo experiência prática aos alunos. Constantemente, eles são expostos ao ensino das profissões na execução das atividades pertinentes a elas. Dessa forma, o estudante adquire conhecimento técnico por meio da sua prática.
2. Orientação para o mercado
Pelo fato de a educação profissionalizante trazer em seu cerne a inclusão ao mercado de trabalho, ela mantém-se voltada às demandas do mercado de trabalho. Tal detalhe é facilmente percebido com a observação da oferta de cursos técnicos. Quando um determinado segmento da economia demanda mais mão de obra qualificada, aumenta a oferta de cursos técnicos daquele segmento.
3. Atualização constante
Como a educação profissional é orientada pelas necessidades do mercado, e este encontra-se em constante transformação, o ensino integrado é norteado pelas evoluções tecnológicas, aperfeiçoamentos técnicos e necessidades da sociedade. Dessa forma, o aluno do ensino integrado tende a concluir a sua formação acadêmica em sintonia com as tendências do mercado.
O crescimento do ensino integrado no Brasil
Recentemente, o ensino integrado novamente caiu nas graças do brasileiro. Ele foi reinserido na dinâmica social, como um atalho à empregabilidade. Ao invés de ingressar em uma faculdade, ao concluir o Ensino Médio, o aluno pode já preparar-se durante esse período ou dedicar um espaço de tempo menor a um curso técnico após “formar” na educação básica.
Esse crescimento é facilmente comprovado com a análise da quantidade de matrículas no ensino integrado. De 2002 para 2010, o crescimento foi de 74,9%, o que representa um aumento de quase 600 mil matrículas na educação profissionalizante.
Dentre as formas de ensino técnico ofertadas atualmente, a preferência é pelo formato subsequente — aquele em que o curso técnico é iniciado após a conclusão do Ensino Médio. Nessa modalidade, estão 62% dos matriculados, segundo o Censo Escolar 2010 e o Ministério da Educação (MEC).
No entanto, o Ensino Médio integrado — aquele em que o aluno frequenta um curso com currículo planejado com os conhecimentos do Ensino Médio básico e as competências da educação profissional — vêm ganhando a preferência dos pais, como forma de otimizar o tempo dos filhos. Isso faz com que eles fiquem melhor preparados para a carreira profissional e para ingressarem no ensino superior.
Por fim, é possível sintetizar que as vantagens do ensino integrado são, principalmente:
- qualificação profissional, devido à melhor formação acadêmica à qual os alunos são expostos;
- melhor empregabilidade, potencializada por um currículo escolar diferenciado e que gera salários até 18,8% maiores do que de outros profissionais;
- maior competitividade acadêmica, tornando mais fácil o ingresso nas melhores universidades e faculdades do exterior do que com o Ensino Médio tradicional.
Diante dessas informações, é seguramente possível afirmar que o ensino integrado não está em franco crescimento por modismo. Trata-se de uma otimização da educação por meio da profissionalização da mesma. E isso acarreta em diversos benefícios para o aluno. Portanto, não pense duas vezes antes de escolher esse modelo de ensino para os seus filhos.
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