Em um instante, você tem um bebezinho lindo no colo. No que parece ser o instante seguinte, seu bebê se transformou em um adolescente quase adulto que já demonstra preocupação com a carreira que pretende seguir, a universidade em que quer entrar e você se pergunta: será que estou dando a ele todas as condições para alcançar seus objetivos acadêmicos?
E, a não ser que você more em um dos grandes centros urbanos brasileiros, a ideia de que talvez seu filho precise mudar de cidade para estudar começa a fazer parte das suas preocupações. E a grande dúvida que se impõe neste caso é: será que isso é uma boa ideia?
Adiantar a saída dos filhos de casa é uma decisão difícil para a maioria dos pais
Ainda que seja considerado natural que os filhos saiam de casa para fazer um curso superior em uma universidade em outra cidade, outro estado ou até mesmo outro país, quando falamos em um menino ou uma menina de aproximadamente 15 anos saindo de debaixo da asa dos pais, a tensão materna e paterna naturalmente tende a ser bem maior. Mas, ao mesmo tempo, às vezes essa alternativa parece inevitável quando a intenção é oferecer a eles as melhores oportunidades.
Quais as principais dúvidas nesse cenário?
Uma das principais dúvidas que surgem é: será que ele ou ela está pronto para viver longe do núcleo familiar? Mesmo que seja uma distância de poucos quilômetros que possa ser percorrida todos os finais de semana ou feriados, a perspectiva de não participar do dia a dia dos filhos pode parecer assustadora, especialmente para os superprotetores. Neste momento, é fundamental manter a calma, planejar cada passo com cuidado e conversar, conversar, conversar.
É muito importante que esta decisão seja tomada especialmente pelo adolescente. Ainda mais do que os pais, é preciso que o desejo de fazer essa mudança seja um desejo do filho. Mais importante ainda é entender o porquê desse desejo. Certifique-se de que a vontade de se mudar não está sendo provocada por alguma situação ruim na vida do seu filho, como problemas de relacionamento na escola e em casa. Esta decisão deve ser vista como um passo adiante na vida, jamais como uma fuga de problemas.
Qual é o papel dos pais?
Cabe aos pais ou responsáveis avaliar se o filho tem as condições necessárias para alterar a rotina não apenas dele como de toda a família. Não adianta imaginar que um jovem que não demonstra ainda sinais de maturidade em relação à administração da própria vida vá mudar da água para o vinho quando estiver morando longe de casa. Mudar de cidade para estudar não vai consertar ninguém, mas certamente será muito benéfico para um adolescente que demonstre já ter maturidade suficiente para tomar uma decisão como esta com tranquilidade.
E para garantir a tranquilidade de todos, mantenha os canais de comunicação sempre abertos. O ideal é que seu filho não parta para esta aventura com cobranças excessivas. Saber que tem o apoio da família e que nenhuma decisão é definitiva vai ajudar e muito na caminhada. Não se esqueça: por mais maturidade que seu filho demonstre, ele ainda é um adolescente.
Mudar de cidade para estudar proporciona mais do que o desenvolvimento acadêmico
Quando um adolescente sai de casa para estudar, a qualidade da escola que ele frequentará é muito importante, mas os ganhos para vão além. Por mais participativo que o jovem seja nas tarefas da casa, ao morar em outra cidade – seja em casas de estudantes, pensões, repúblicas ou com amigos e parentes — seu filho terá de ser efetivamente responsável pela própria rotina. Arrumar e cuidar das próprias coisas, administrar o dinheiro e ter disciplina com horários são habilidades que ele terá obrigatoriamente de desenvolver.
O mundo está repleto de gente que ainda não aprendeu a gerir a própria vida. Se seu filho ou filha abraçar a oportunidade de maneira consciente que com apoio e as condições psicológicas necessárias, ele certamente desenvolverá uma grande vantagem em relação a colegas da mesma idade que ainda vivem em casa. Morando longe dos pais, os jovens descobrem que coisas que eles tinham como garantido e que pareciam acontecer automaticamente — refeições, limpeza e arrumação da casa, por exemplo — dependem de alguém. E quando se está longe, esse alguém é ele mesmo.
Daí vem também outra habilidade: a formação de novos vínculos e relacionamentos. Ninguém consegue viver sem uma rede de apoio. Por mais que desde o início o jovem já tenha pessoas referência na nova cidade, será ao longo dos dias que ele desenvolverá a própria rede de contatos que funcionarão como uma segunda família. Ou seja: além de desenvolver habilidades práticas, ele desenvolverá também habilidades relacionais.
Tecnologia ajuda a diminuir a distância e as saudades
Especialistas em intercâmbios culturais sabem e repetem a todos os que pretendem ficar um tempo longe de casa no exterior: passadas as primeiras semanas, quando tudo ainda é novidade, começa a vida de rotina. E aí é que pode bater o pânico, o arrependimento pela decisão e, claro, a saudade, que às vezes parece ser incontornável. Mesmo que a nova escola de seu filho não fique em outro país, o mecanismo provavelmente será parecido.
Hoje em dia, felizmente, qualquer distância fica mais curta graças à tecnologia. Bastam dois smartphones conectados à Internet para que uma conversa “frente a frente” seja realizada sem grandes dificuldades. A conversa que antes você teria no sofá da sala ou na cama do filho fica virtual, mas ainda pode ser feita diariamente e, se for preciso, várias vezes em um mesmo dia. Mas é importante cuidar para que esse vínculo não se transforme em uma bengala. O papel dos pais é ajudar nos momentos mais difíceis, mas é preciso deixar espaço para que o adolescente se sinta capaz de resolver os próprios dramas.
Qual a sua opinião sobre um adolescente mudar de cidade para fazer o Ensino Médio? Vale a pena adiantar a saída de casa do seu filho em nome de uma educação de mais qualidade? Participe deixando seu comentário abaixo.