Crianças que mordem: por que esse comportamento é tão comum?

Crianças que mordem: por que esse comportamento é tão comum?

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Você vai buscar seu filho na escola um dia e, ao chegar na sala, a professora informa que ele mordeu outra criança. O comportamento pode tanto ter começado de repente ou como já ter apresentado essa atitude com o irmão ou um primo, de maneira isolada.

No entanto, quando o hábito vira recorrente, não há como evitar de pensar que alguma coisa errada está acontecendo com o seu filho. Por isso, vamos começar essa conversa tranquilizando o seu coração: morder é muito comum, especialmente entre 1 e 3 anos de idade.

Produzimos este post para que você entenda melhor os motivos das crianças que mordem. Para isso, falaremos de alguns conceitos básicos de Freud além do desenvolvimento de expressões e sentimentos no universo infantil. Também traremos algumas dicas para lidar com esse comportamento e, assim, minimizar situações constrangedoras.

Quais os motivos das crianças que mordem?

O pai da psicanálise, Sigmund Freud, entende que o desenvolvimento psicossexual do indivíduo passa por 5 fases: oral, anal, fálica, latente e genital. Elas estão relacionadas às áreas de prazer que despertam a atenção da pessoa ao longo do seu desenvolvimento como ser humano. A primeira, que nos interessa no caso, acontece do nascimento aos 2 anos de vida da criança.

Pare para pensar: praticamente todas as novidades são sentidas pelo pequeno por meio da boca: o leite que chega pela amamentação, a chupeta, a mamadeira, os sabores quando são introduzidos os alimentos etc.

Então é normal, também, que ele procure conhecer outras coisas pelo mesmo lugar! Não é à toa que leva praticamente tudo à boca. E logo começa a se deparar com outra novidade: os dentes (falaremos melhor sobre isso mais à frente).

A boa notícia é que essa fase dará lugar a outras. De acordo com Freud, na fase anal, a criança terá uma relação mais intensa com seus “produtos” — especialmente as fezes. Depois, no momento fálico, descobrirá seus órgãos sexuais. A latência começa aos 6 e dá lugar à genital com a chegada da puberdade.

O que o ato de morder pode indicar?

E já que os prazeres do mundo chegam para o bebê pela boca, também é normal que a utilize para se expressar! Acontece que ele ainda não domina a linguagem e, por esse motivo, tenta se manifestar de outras formas, como o choro, o grito, os gemidos, os rudimentos de palavras, além de, é claro, a mordida.

Isso não significa que todas as crianças tenham esse comportamento! Cada um encontra seus próprios meios para se fazer entendido. Então, se a criança, por exemplo, quer atenção e descobre que a mordida produz esse resultado, é o que ela vai fazer! Também pode morder para dizer ao coleguinha “esse brinquedo é meu”.

Será que seu filho está copiando outra criança?

Sabemos que a forma com a qual a criança mais aprende, especialmente na primeira infância, é reproduzindo o que outros fazem à sua volta. Então é hora de parar para pensar se na sua casa tem alguém que adora brincar dando aquela mordidinha de leve na bochecha, barriga ou bumbum da criança. Isso pode levá-la a entender que é uma ação permitida de ser repetida!

O nascimento dos dentes pode contribuir para esse hábito?

Imagine se o bebê fosse capaz de fazer uma lista das coisas mais incômodas de sua vida! É provável que o nascimento dos dentes estivesse no topo. Eles doem, incomodam e coçam. Por isso, é normal que a criança tenha algumas “crises” de nervosismo com esse acontecimento que o levem a morder.

O hábito de morder pode indicar que o meu filho está estressado?

Já contabilizou quanto tempo seu filho tem passado na frente de aparelhos que emitem luz? Às vezes pode parecer prático na hora que você precisa de um tempo de calmaria para resolver as coisas do trabalho ou fazer compras no supermercado, mas os níveis de som e luz são inadequados para crianças tão pequenas, podendo estressar e fazer o bebê morder — a recomendação é da Academia Americana de Pediatria.

Como resolver o problema?

Agora que você sabe dos motivos que levam os pequenos a morderem, é preciso partir para ações proativas para melhorar esse comportamento. Confira nossas dicas:

Demonstre seu descontentamento

Caso você tenha sido a vítima, deixe claro para a criança que aquela atitude provocou dor. Faça cara feia, diga que não se pode morder em outras pessoas. Caso o pequeno tenha mordido outra criança, converse imediatamente, evitando deixar para conversar depois. Nessa fase, a criança precisa do retorno imediato para compreender o que fez de incorreto.

Estimule a correção do erro

Definitivamente, não é o momento de afastar a vítima da criança que morde! Ela precisa aprender a consertar o erro. Demonstre afeto e tranquilize quem sofreu a agressão. Em seguida, oriente a criança que mordeu que ele deve pedir desculpas e ajudar a cuidar do “dodói” que ele fez no amigo.

Dê alternativas para extravasar o sentimento

A criança que expressa a raiva, nervosismo ou frustração pela mordida costuma dar sinais antes que o ato propriamente dito se consuma. Uma alternativa, nesses momentos, é oferecer distrações.

Você também pode ensinar outras formas de extravasar o sentimento, às vezes de maneira mais lúdica, como fazer o rugido de um dinossauro ou a se comunicar do jeito certo. Caso ela queira o brinquedo que está na mão de outro, ensine-a a ceder outro em troca.

Ofereça mordedores

Procure entender se o motivo da mordida for o nascimento dos dentes. Uma boa solução é ter sempre disponível um mordedor para oferecer, principalmente durante a fase de crescimento dos dentinhos. Lembre-se de mantê-los esterilizados para evitar que a criança coloque alguma sujeira na boca.

Converse com o professor

Provavelmente, se algum episódio aconteceu em sala de aula, chegou um bilhete na agenda da criança. É muito importante conversar com o professor e entender o contexto em que a mordida aconteceu para, junto com a escola, encontrar soluções para melhorar o comportamento da criança.

O que fazer com quem levou a mordida?

Apesar de ser uma atitude comum, devemos lembrar da criança que foi agredida. 

Aconteceu na escola? A relação dos educadores com a família precisa estar alinhada para que as providências aconteçam em comum acordo e a compreensão do contexto esteja clara, bem como os procedimentos.

Portanto, procure evitar o desespero e conversar sobre a situação, buscando soluções educativas e a parceria da escola. 

O mais importante é ter em mente que as crianças que mordem não o fazem por má índole ou que esse comportamento é anormal. Elas precisam ser orientadas, com amor e paciência, para compreenderem como devem se comportar e conviver socialmente.

Aproveite para  compartilhar este post nas redes sociais! Certamente, muitos pais estão passando pela mesma situação. 

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