Você já deve ter ouvido falar que há várias linhas pedagógicas e que cada escola segue um modelo ou uma filosofia, certo? A arte de educar jovens alunos é sempre pautada por abordagens distintas. E é nesse caldeirão de opções que está o construtivismo. Mas, nesse caso, como funciona a dinâmica da aprendizagem? Quais são seus diferenciais em relação à abordagem tradicional? Como a escola construtivista influencia a formação dos estudantes? Acima de tudo, qual é seu objetivo?
Por mais que a escola construtivista esteja se expandindo rapidamente no Brasil, ainda são muitas as dúvidas a seu respeito. Você também quer saber mais sobre essa linha? Então acompanhe agora mesmo nossas explicações sobre o assunto!
A base do pensamento construtivista
O pensamento construtivista teve origem no século 20, a partir de psicólogos e educadores como Jean Piaget e Lev Vygotsky. Segundo esses pensadores, as crianças passam por estágios diferenciados de aprendizagem, construindo o conhecimento a partir de experimentações e descobertas e não necessariamente a partir da transmissão de informações — que convencionalmente é executada pelo professor. Na linha construtivista, o conhecimento deve ser construído de dentro pra fora, a partir da interação do aluno com o meio em que está inserido, e não imposto de fora para dentro.
O diferencial em relação à abordagem tradicional
A abordagem tradicional costuma seguir uma metodologia mais engessada e determinista. Na sala de aula, são impostas atividades específicas que enfatizam e valorizam a memorização do conteúdo transmitido pelo docente — a famosa decoreba. A filosofia construtivista, por outro lado, concentra-se no aluno e em suas operações mentais. Seu foco é proporcionar estímulos que levem as crianças a formular suas próprias teorias e se expressar em relação a elas, testando hipóteses. A educação é construída a partir da interação entre aluno, professor e ambiente.
O processo de aprendizagem
Nesse caso, a aprendizagem ocorre tendo como ponto central a criança e sua evolução cognitiva em vez da transferência de conteúdo de professor para aluno. Na prática, isso se traduz em aprender por meio de vivências, iniciativas, erros e descobertas. As salas de aula têm menos alunos, as carteiras geralmente são dispostas em círculos e o professor propõe o rumo, mas o raciocínio e a percepção de conceitos é desenvolvida pelo estudante. O desafio aqui é aprender a pensar, questionando em vez de simplesmente memorizar o conteúdo.
A relação entre professor e aluno
Por mais que exista um plano pedagógico bem estruturado, seguindo o sistema de ensino regido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), o professor da linha construtivista atua mais como um mediador responsável por dar ao aluno os instrumentos por meio dos quais ele desenvolverá seu raciocínio. A padronização, comum na abordagem tradicional, dá lugar ao incentivo à reflexão, à análise crítica e aos testes práticos da teoria. Os alunos não são vistos ou tratados como vasos vazios onde verdades prontas são despejadas. Na verdade, parte-se do pressuposto de que os jovens são agentes ativos em seu processo de formação.
Os tropeços inerentes ao processo
Na escola construtivista, as interferências e correções de equívocos e inadequações não ocorrem da mesma forma. Não há censura ao pensamento da criança. Os erros são encarados como parte natural do processo educativo, vistos como oportunidades de aprendizagem. Aqui, as perguntas (ou o que motiva a curiosidade do aluno) são tão (ou até mais) importantes que respostas certas. Provas são aplicadas, mas a avaliação é percebida como uma dinâmica contínua de acompanhamento da criança.
O esperado com a escola construtivista
O grande objetivo da escola construtivista é formar estudantes e cidadãos que tenham autonomia, que saibam pensar e questionar, que nutram o ímpeto de inovar e elaborar soluções fora da caixa. Geralmente, o que se vê no ensino convencional é que as crianças vão sendo encaixadas em um modelo previamente moldado, com padrões cognitivos e comportamentais.
Por outro lado, o aluno de uma escola construtivista será um sujeito crítico, sempre disposto a considerar e a trabalhar a partir dos recursos oferecidos pelo ambiente. Desde cedo, é instigado a enxergar soluções diferenciadas para dilemas comuns, sempre levando em consideração o contexto e não apenas informações factuais. Trata-se de alguém independente, que sabe agir em relação às mais diversas situações da vida de uma forma criativa e inovadora. Se seu filho está matriculado em uma escola construtivista, tenha certeza de que ele vai construir e moldar seu próprio conhecimento.
O construtivismo em uma sociedade numérica
Como nem tudo são flores, há um fator importante a considerar antes de matricular seu filho em uma escola que siga essa proposta. Um adulto ou jovem que foi educado pela lógica construtivista poderá ter dificuldades em lidar com alguns aspectos da sociedade contemporânea, que é extremamente focada em resultados quantitativos, memorização e competitividade. Seja em exames como ENEM e vestibulares ou no processo seletivo de empresas, ele certamente verá que o procedimento padrão destoa muito da forma como aprendeu a conceber o mundo.
Muitos pais querem proporcionar uma educação mais interativa e crítica a seus filhos, mas esbarram no fato de que o próprio sistema de ensino e o mercado de trabalho brasileiros valorizam exatamente o oposto. Contudo, esse é um panorama que está mudando aos poucos. Juntamente com a evolução da tecnologia e com as possibilidades futuras de profissão, bem como campos de atuação humana até então impensáveis, abre-se espaço cada vez mais para indivíduos empreendedores e questionadores, que não necessariamente se contentam com o jeito que as coisas são.
A importância do ambiente
O ambiente desempenha um papel fundamental na formação da criança. Para que a aprendizagem seja efetiva e que haja o desenvolvimento intelectual, o aluno deve ter contato com um espaço físico estimulante e criativo, além de ter acesso a ferramentas adequadas (brinquedos e materiais) para estimular seus processos cognitivos. A adaptação ao meio e a evolução na percepção das formas e dos objetos são elementos-chave trabalhados pela escola construtivista. Nessa linha educacional, seu filho será incentivado a desenvolver seus próprios mecanismos para entender e lidar com o mundo que o cerca.
Compreendeu de que forma a escola construtivista pode influenciar positivamente a formação do seu filho? Então aproveite para conferir também como funciona uma escola construtivista!