Já faz mais de 20 anos que a expressão inteligência emocional se popularizou com o best-seller de mesmo nome do norte-americano Daniel Goleman, redator do jornal The New York Times. Desde então, a noção de que existem diversos tipos de inteligência além da tradicional, medida pelos testes de QI, tornou-se cada vez mais difundida. Em seleções profissionais, por exemplo, é mais que comum que candidatos com alto índice de conhecimento técnico sejam preteridos por outros que apresentem um conhecimento técnico razoável, mas níveis mais altos de competência de relacionamento intra e interpessoal.
Aos pais, portanto, não é mais suficiente se preocupar apenas com a formação acadêmica e a aquisição de conhecimento dos filhos. Hoje em dia, também é preciso pensar e agir com cuidado para ajudá-los a desenvolver sua inteligência emocional. Quer saber como e por quê? Então acompanhe nosso post!
A relação emocional define possibilidades de sucesso pessoal
Em 1998, Goleman definiu inteligência emocional como sendo a “capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos”. É, portanto, de emoções que estamos falando. E por mais que a racionalização tenha sido supervalorizada pelo mercado de trabalho por tanto tempo, o autor defende que está justamente na capacidade de se relacionar com outras pessoas com gentileza e compreensão a chave para o sucesso dos indivíduos.
Sabendo disso, acaba caindo por terra aquela ideia de que a criança emocionalmente saudável é aquela que não chora, não se frustra ou não faz birra. Essas são reações naturais da infância! Assim, o que realmente vai fazer diferença para seu filho é como ele aprende a identificar, compreender e lidar com esses sentimentos.
Uma boa maneira de fazer com que a criança entenda que esses sentimentos são naturais é demonstrar que você também sofre, fica triste, comete erros e se frustra. Ao ver que isso também acontece com os pais e observar como os adultos lidam com tais situações, a criança aprende naturalmente que a reparação é possível e que os sentimentos, por mais dolorosos que sejam, podem ser fonte de aprendizado e crescimento.
O trabalho começa com 5 habilidades básicas
Segundo Daniel Goleman, são 5 as habilidades essenciais para o desenvolvimento da inteligência emocional, responsáveis por permitir que seu filho tenha sucesso na organização de grupos e liderança, na negociação de soluções e resolução de conflitos, bem como na empatia e sensibilidade social, tanto na vida estudantil como na profissional. São elas:
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A capacidade de reconhecer as próprias emoções e sentimentos;
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O controle emocional;
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A automotivação;
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A capacidade de reconhecer as emoções dos outros;
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A habilidade voltada a relacionamentos interpessoais.
O vínculo que pais e cuidadores desenvolvem com as crianças desempenha um papel muito importante em sua formação emocional. A criança precisa sentir que está acompanhada, que a presença dos pais é uma realidade. Por mais ocupados estejam, portanto, não podem deixar de conversar, olhar nos olhos, pegar na mão e demonstrar interesse sobre o que angustia o filho. Resumindo: a criança precisa sentir confiança.
Uma das consequências dessa relação mais próxima é o desenvolvimento da autoestima. Mas, ao contrário do que você pode imaginar, elogiar o tempo todo e fazer com que a criança se sinta a mais especial do mundo não desenvolve autoestima. Na prática, ela só vai ter autoconfiança se confiar na própria capacidade e se não tiver medo de se arriscar e superar a si mesma sempre. Os elogios não só podem como devem estar presentes, mas o ideal é que sejam relacionados a essas conquistas. Da mesma forma, as críticas devem ser feitas com o máximo de cuidado possível, ainda comparadas às características positivas da criança.
A superproteção acaba prejudicando o desenvolvimento
Embora pareça doloroso aos olhos de muitos pais superprotetores, os filhos não podem deixar de sentir frustração na vida — de preferência desde muito cedo. Quanto mais você evita que seu filho deixe de ganhar, fazer ou sentir o que quer, mais o impede de desenvolver as habilidades citadas acima e de ter uma vida relacional saudável no futuro.
Quanto antes a criança entende que nem tudo o que ela deseja se torna realidade e que o mundo dirá muitos nãos, melhor aprende a lidar com as inevitáveis insatisfações. Isso aumenta sua resiliência e, por mais contraditório que possa parecer, permite que ela seja mais otimista em relação a problemas e obstáculos, sabendo que às vezes é natural ter que esperar, ceder ou recuar.
Mas cuidado: o oposto da superproteção não pode ser uma enxurrada de críticas e broncas! Os pais não podem sair distribuindo nãos e gerando frustrações. Para haver aprendizado e desenvolvimento de consciência crítica, seu filho precisa entender por que não pode ter o que quer na hora que quer. O choro e a birra devem ser recebidos não com raiva e críticas, mas com apoio e carinho. A criança deve saber que você entende que ela está triste ou decepcionada, mas que isso faz parte da vida e ela precisa aprender a lidar.
Brincar também é uma maneira muito eficiente de desenvolver as habilidades necessárias à inteligência emocional, viu? Afinal, é também no faz de conta das brincadeiras que a criança aprende sobre suas competências, bem como sobre as formas de relacionamento e a necessidade de respeitar regras de convívio e de funcionamento das coisas e do mundo.
As fases da infância pedem tipos de abordagem diferentes
Como em tudo o que diz respeito à criação dos filhos, não existe um manual único para ajudar no desenvolvimento da inteligência emocional das crianças. Cada idade exige uma forma diferente de abordar as mesmas situações. Desde os 2 anos e meio, a criança já pode aprender a pensar e compreender suas emoções, assim como as emoções dos outros. Lembre-se de que, quando são muito pequenos, seus filhos aprendem mais por ações do que por palavras. É o bom e velho educar pelo exemplo. Quando a fala estiver mais desenvolvida, já se pode conversar e pensar em conjunto com a criança, fazendo exercícios de empatia.
Fazer diferentes atividades com seu filho também ajuda nessa comunicação. Mas isso não significa apenas marcar programas e passeios fora de casa, ok? Atividades simples, do cotidiano, podem ser excelentes momentos de aprendizado e formação intelectual e emocional, desde que os pais estejam realmente focados nos filhos. Pedir a ajuda da criança para ir ao supermercado, lavar a roupa, preparar a comida ou mesmo fazer a faxina da casa promove, no dia a dia, diversas oportunidades de autoconhecimento e desenvolvimento de inteligência emocional.
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