Como inspirar e não pressionar seus filhos na hora de escolher um curso de graduação

Como inspirar e não pressionar seus filhos na hora de escolher um curso de graduação

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O número de borboletas no estômago é diretamente proporcional à aproximação da data do ENEM, só que não é você quem vai fazer a prova e sim o seu menino (ou menina). Aquele mesmo, que outro dia precisava de sua ajuda para definir a roupa e amarrar os sapatos, agora está às portas do primeiro passo para a vida adulta: a escolha de uma profissão.

Não é momento para saudosismo! Você precisa ser forte para ajudá-lo nesse processo. Mas como fazer isso sem sufocar a liberdade do seu filho?

O objetivo deste post é mostrar como inspirar sem pressionar seu adolescente na definição do melhor curso superior a seguir. Para isso, vamos buscar um pouco de suas recordações e adicionar umas pitadas de contemporaneidade para ajudá-lo a se colocar no lugar de seu filho. Em seguida, apresentaremos algumas dicas para nortear o apoio necessário nesse momento em que é preciso escolher um curso.

Um passado não tão distante

Hormônios a flor da pele, espinhas e aquele desejo profundo de ser independente. Toda essa profusão de mudanças já aconteceu na sua vida. Você se lembra? Crescer, abandonar as coisas de criança para abraçar as responsabilidades do mundo adulto é, muitas vezes, um processo doloroso.

A vida não era fácil nas décadas de 80 e 90. Passamos por dificuldades e muitos se viram obrigados a queimar etapas, engolir a seco as ansiedades juvenis e ceder às pressões da família para seguir uma carreira que trouxesse mais dinheiro que felicidade.

Isso foi tão marcante, que fizemos uma promessa coletiva silenciosa de que nossos filhos seriam poupados. O problema é que o mundo não se transformou em um lugar mais simples de se viver!

“As crianças e os jovens aprendem a lidar com fatos lógicos, mas não sabem lidar com fracassos e falhas. Aprendem a resolver problemas matemáticos, mas não sabem resolver seus conflitos existenciais. São treinados para fazer cálculos e acertá-los, mas a vida é cheia de contradições”, constata o médico psiquiatra Augusto Cury em seu livro “Pais brilhantes, professores fascinantes”.

Estar diante de uma encruzilhada com estradas para todas as direções pode ser um momento assustador para quem sempre esteve acostumado a lidar com um mundo controlado e predeterminado. E, mesmo que seu filho não queira admitir, ele precisa do seu apoio para ajudá-lo a descobrir sua identidade e, assim, saber para aonde ir.

5 passos inspiradores para escolher um curso superior

Como já dissemos, o processo de escolha de um curso superior pode ser uma tarefa dolorosa para muitos adolescentes. Nesse momento de dúvidas e incertezas, o papel dos pais é, ao mesmo tempo, fundamental e traiçoeiro. A tentação de dizer o que devem fazer é enorme, mas precisa ser contida!

Para direcionar ações mais acertadas, destacamos 5 passos. Confira!

Seja incondicional em seu apoio

A imparcialidade é um mito. Por mais que busquemos não demonstrar e olhar todos os lados de uma questão, nossa criação, formação, gostos pessoais, valores morais e éticos nos fazem sempre tender para algum lado. Mas, mesmo que tenhamos opiniões particulares, algo que sabemos fazer bem como pais é amar incondicionalmente.

Esse é o momento de transferir todo o amor por aquilo que o filho é para o que ele faz ou pretende fazer. É preciso segurar o desejo de vê-lo seguir seus passos profissionais ou de fazer torcida por um curso que dê maior retorno financeiro. Saber ouvir as opiniões de seu filho e perceber suas capacidades é uma demonstração de respeito.

Não é preciso compartilhar da mesma opinião para defender o direito de expressá-las, mesmo que sejam diferentes. Seu filho pode conhecer suas preferências, mas precisa sentir a confiança do seu apoio e motivação para estudar, mesmo se decidir tomar outro rumo.

Ajude a avaliar as opções

Ter acesso a uma avalanche informações pode ser uma benção e uma maldição! Com tantas opções de faculdades é fácil ficar indeciso. Nesse processo, é primordial saber garimpar dados e procurar boas referências. Você pode ajudar seu filho nessa pesquisa, mostrando como avaliar os prós e contras de cada curso para refinar suas possibilidades.

É possível iniciar esse processo mais cedo, ensinando os adolescentes a avaliarem variáveis em outros espectros da vida. Na visão de Augusto Cury, eles “devem também participar das decisões familiares, como a compra do carro, o roteiro das viagens, a ida a restaurantes, e até no orçamento familiar. Precisam aprender a fazer escolhas. Assim aprenderão uma dura lição: toda escolha implica perdas e ganhos”.

Incentive o autoconhecimento

Para escolher a carreira ideal, é importante saber das capacidades e potencialidades como também das dificuldades e fraquezas. Para quem está em processo de consolidação da personalidade, conhecer a si próprio pode não ser tão simples. Alguns limites ainda não foram testados e desafios nem sonhados.

Nessa jornada, ninguém melhor que a família para ajudar! Você conhece bem seu filho e sabe de fatos do seu desenvolvimento que ele sequer se lembra. É o momento de valorizar as características positivas que lhe fogem à percepção e ser realista quanto às dificuldades.

Ofereça orientação vocacional

A escolha de uma faculdade pode contar com apoio profissional. Existem vários testes disponíveis gratuitamente, mas o trabalho apurado de orientação vocacional pode auxiliar seu filho de forma mais aprofundada e personalizada. O profissional envolverá dinâmicas coletivas e individuais, associadas a sessões de análise.

É importante ressaltar que esse trabalho não aponta um curso específico, mas apresenta possibilidades relacionadas às afinidades do adolescente. A orientação vocacional também proporciona uma tomada de consciência da própria personalidade.

Prepare seu filho para vitória e para o fracasso

Toda conquista é construída por uma série de acertos e derrotas. Não alcançar a nota para o curso pretendido ou perceber que as expectativas nutridas em relação a determinada carreira não condizem com a realidade, tudo isso faz parte da vida. É o momento, mais uma vez, de ser suporte, não inquisidor, para mostrar que tentar outra vez não é demérito, mas, sim, crescimento.

“Viver é um contrato de risco. Os jovens precisam viver este contrato apreciando os desafios e não fugindo deles. Se eles se intimidarem diante das derrotas e dificuldades, o fenômeno RAM registrará em sua memória milhares de experiências que financiarão o complexo de inferioridade, a baixa autoestima e o sentimento de incapacidade”, orienta Cury.

Também é importante alertar os filhos para o fato de que, mesmo que seja a faculdade dos sonhos, desafios sempre virão. Nas palavras de Içami Tiba, “Para uma boa escolha profissional é preciso uma boa base de preparo para o sucesso, que pode não ser prazeroso, mesmo gostando da atividade. Se o estudante for guiado somente pelo prazer, jamais chegará ao ponto de desfrutar os resultados”.

Inspirar os filhos a escolher um curso superior sem pressioná-los pode ser um desafio! Mas, com amor, paciência e, principalmente, respeito, essa jornada ajudará a estreitar o relacionamento, num processo de autoconhecimento que vai valer para ambas as partes.

Ainda tem dúvidas ou quer compartilhar sua experiência? Deixe seu comentário!

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